Carla Riverola Brutau / Roma (EFE).- Uma das principais vozes contra a mudança climática, a jovem sueca Greta Thunberg, de 16 anos, exige há meses dos políticos de todo o mundo ações contra as alterações no clima, e embora tenha vontade de se dedicar à política, teme que será tarde demais quando chegar a hora de ingressar nessa carreira.
Em entrevista à Agência Efe nesta sexta-feira, Greta reconheceu que o tempo é curto para a luta. “Não podemos esperar que gente como eu cresça e se responsabilize por tudo. É preciso agir agora”, disse a jovem sueca, antes de falar para milhares de jovens reunidos na Piazza del Popolo, em Roma.
Como em todas as sextas-feiras, jovens se manifestaram para pedir aos governantes sérias medidas para diminuir os efeitos da mudança climática, uma luta que a jovem iniciou ao convocar uma greve em seu colégio um dia por semana. A partir de então, o movimento ganhou força na Europa.
Além disso, Greta ficou conhecida por protestar diante do Parlamento da Suécia para exigir que políticos ajam para interromper o aquecimento global.
“Há muitas coisas às quais quero me dedicar quando crescer. A política me parece muito interessante e é uma forma de fazer a diferença. Mas insisto: quando for suficientemente grande para me tornar uma política, será tarde demais”, disse.
A jovem tambem comentou que não pretende deixar de estudar.
“Eu adoro a escola, adoro aprender, embora muitos possam pensar que não”, frisou.
Com apenas 16 anos, Greta transformou-se em um fenômeno midiático. Apesar disso, a jovem disse não gostar de estar no centro das atenções.
“Não gosto de atenção e não quero que isso pareça um movimento meu. É um movimento nosso. Mas também não posso me queixar, porque eu mesma me coloquei nesta situação”, disse.
O objetivo de Greta, segundo ela, é colocar o foco do movimento na crise climática, e não nela mesma como “indivíduo”, mas ninguém questiona que se transformou em um exemplo que inspira jovens de todo o mundo.
Greta faz “pequenas coisas” para mudar seus hábitos. Por exemplo, virou vegana, não pega nenhum avião, recicla e reduz seu consumo, um modo de vida que foi adotado por toda sua família: a irmã mais nova Beata, o pai, o ator Svante Thunberg, e sua mãe, a cantora de ópera Malena Ernman.
A jovem explicou que sua forma de convencer é falar sobre fatos, em vez de impor alguma opção.
“Nunca digo a ninguém que é preciso deixar de voar ou nada parecido. Mostro os fatos, gráficos e estudos e digo: ‘olha, isto é emitido por um avião”, contou.
Greta quer passar às pessoas o que ela sentiu quando, aos oito anos, descobriu a mudança climática através de fotos e filmes mostrados no colégio.
“Pensei que era muito triste, não acreditava”, afirmou.
Para Greta, foi difícil acreditar porque, para ela, “se há uma crise existencial como a mudança climática”, a mesma teria que ser prioridade, e “não era porque ninguém parecia se importar”.
No entanto, ela disse que começou a se interessar pelo tema ao perceber que a humanidade enfrentava uma tragédia.
“Quanto mais eu lia, mais eu entendia. E quando entendi completamente, me dei conta de que se tratava de um drama”, ressaltou.
Deste modo, ela iniciou sua luta e protesto, os quais diz que não deixará até que a Suécia cumpra com os Acordos de Paris.
“Enquanto isso não acontecer, continuarei todas as sextas-feiras diante do Parlamento sueco”, comentou, antes de subir no palco para incentivar milhares de jovens italianos a não abandonarem o compromisso por um futuro ecológico e sustentável. EFE
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